Sexagésimo sétimo dia - clear cut


A carrinha do empreiteiro teve um furo e roubaram-me a lona do carro, logo na primeira vez que a deixei sobre o carro. Aposto que foi o mesmo gajo.

Sem empreiteiro (e sem lona), sobrou-me o dia para o pinhal. E eu, feliz da vida. Motosserra, serra de podas, e cá vou eu. Até a motosserra encharcar (outra vez) cortei mais alguns pinheiros mal-nascidos e desmanchei essas e outras árvores já cortadas. A ideia de que o solo é pobre e que por isso os pinhos são tortinhos já era, e foi o Hugo a deslindar o mistério: durante anos os pinheiros do meu avô eram os únicos do monte, e levavam em cheio com o vento. Elás, nasceram e cresceram tortos. Os 'clear cuts', para além de todos os outros malefícios, tem mais esta desvantagem.

Cravei o almoço à Alcina. É quase pecado pôr a cozinhar para mim uma senhora que quase não se aguenta em pé, mas compensei-os substituindo parte das telhas partidas do telhado da casa velha.

A Clementina veio dizer-me que eu, em vez de fazer só dois quartos devia fazer três, usando a sala para isso. O tio Amílcar concorda.

A carqueja está florida. O contraste é forte: a planta é rija, pica; a flor é dum amarelo vivo, fofa. Ontem vi um coelho e uma raposa e hoje uma perdiz. Parece um dinossaurio em fuga, com o seu pescoço longilíneo.

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