Outono

Não é tarde nem é cedo - chegou o outono à Quinta dos Baldo, e os seus dias amenos, propícios a caminhadas pelos sempre fascinantes vales do Douro Internacional. Sanchas, míscaros e rócos são algumas das atrações micológicas, mas também as castanhas, que se soltam das árvores e preenchem os soutos com os seus espinhos coloridos. É desta?




Arquivo da Memória - Por aí

E assim se passou agosto, aqui e ali, falando com quinteiros exilados. E com o pastor, o único que resta em Martim Tirado.

Temos artista

Arquivo da Memória - Os primeiros homens

Três dias, cinco entrevistas. A rotina instala-se. Finalmente, os primeiros entrevistados homens.

Chegou o verão

Arquivo da Memória - Da Serra a Mazouco

As recolhas do Arquivo da Memória continuam, desta feita pela Serra e em Mazouco. Problemas técnicos a resolver, quinteiros a convencer e muito para aprender. A entrevista na Serra valeu especialmente a pena. Foi cantar até mais não.

Às voltas com a câmara.

Arquivo da Memória - primeiros dias

Dentro do projeto do Arquivo da Memória, promovido pela ACÔA e promovido pela Fundação Gulbenkian, comecei o trabalho (que é mais um prazer) de entrevistar moradores de Martim Tirado. A ideia é estabelecer uma ligação entre as gerações mais velhas e as mais novas, de maneira a que o conhecimento acumulado pelos mais velhos não se perca, e que a memória possa ser transmitida aos mais novos. Depois de entrevistar a vizinha mais amiga do mundo, na sua horta, falei com a Ilda, sobre moinhos e a vida de antigamente. Mais se seguirá!

Ilda

Verão em Martim Tirado

O verão chegou, com os seus dias grandes e cálidos e as noites iluminadas por todas as estrelas. Durante o dia mergulhos em Mazouco ou na Congida, e sonecas à beira do rio; ao fim da tarde e início da noite, serões compridos à sombra dos olmos, no fim de uma farta refeição.

Verão que é verão. Contamos com a vossa visita.




Plantando um jardim autóctone, económico e sustentável

5 - Manutenção

 Toda a obra tem uma vida pela frente. Não se esgota no dia da inauguração. Mais de dois meses depois de ter cessado as plantações, aqui fica um resumo do que é hoje em dia o jardim autóctone, económico e sustentável da Quinta dos Baldo.

Bela-luz

O que sei que correu mal:

  • A terra é difícil. Não comprámos terra nova, trabalhámos apenas com o que tínhamos. Para as espécies autóctones isso não é problema, e algumas até prosperarão melhor naquela terra barrenta e seca. O inverno chuvoso ajudou muitas delas, mas comprovei uma das verdades absolutas que aprendi em Martim Tirado: quem lavra à chuva (ou depois de chover) não colhe nada. A terra mexida fica chumbada. E como a terra era pouca, não deu para fazer caldeiras à volta das plantas, para angariarem mais água da chuva.
  • A plantação foi tardia. As plantações começam-se no outono, não a meio do inverno. A chuva até ajudou, mas não foi o suficiente para muitas plantas.
  • Não acompanhei diariamente a evolução do jardim.
  • Não é fácil arrancar as plantas sem danificar a raíz.
Esta foi a evolução das diferentes espécies plantadas:

  • Arçã (rosmaninho): 80% de sobrevivência. Tirando os condenados à partida pelo torrão desfeito, todos os outros se safaram.
Arçã
flickr

  • Bela-luz (tomilho): 80% de sobrevivência. Morreram os que tinham de morrer.
Bela-luz
  • Xagarço: 60% de sobrevivência.
  • Carrasco (azinheira): apenas plantei um, que levou caminho. O transplante dos quercus é lixado.
  • Roseira-trepadeira: ambas estão porreiras e já a trepar pela parede.
    Roseira-trepadeira

    • Camélia: uma das exóticas do grupo, está a levar caminho. Não deve gostar da terra.
    • Carqueja: tudo morto. O transplante foi complicadíssimo. Para o ano tento com semente.
    • Alecrim: nenhum restou. Não fui eu a tratar do transplante e as plantas, quase todas adultas, não gostaram da experiência.
    • Alecrim-das-paredes: tirando o sítio onde a Fidalga gosta de dormir a soneca (onde todos morreram), todos os outros se safaram bem.
    • Azevinho: parece saudável, já com bagas novas.
    Entretanto, a ala norte do jardim, junto aos olmos, já levou sementes de giesta. Plantei-as como as apanhei, dentro da vagem. Um buraquinho ligeiro e rega. Plantei também sementes de rosmaninho no miolo do quintal e junto ao caminho.

Ação no Palão

Palão

No início deste ano fui assistindo a Ação no Palão. Não um filme trasmontano com o Silvestre Estaladão passado no Palão e com muita ação, mas antes novidades na floresta do Palão, mesmo à saída de Martim Tirado, quem vira para Freixo. Primeiro as minhas investigações, motivadas pela beleza do carvalhal em crescimento e por ações de limpeza que ia vendo por lá. Segundo, pela plantação de sobreiros e carvalhos (talvez sejam azinheiras), como resposta ao abate de sobreiros e azinheiras na futura albufeira do Baixo Sabor. Dentro duma tragédia, algo de positivo. Terceiro e último, por uma conversa que tive com uns senhores do ICNF que encontrei por lá, em ação de manutenção.

Disseram-me esses senhores que o projeto que referi na publicação anterior não avançou. O Perímetro Florestal não está a ser gerido pelas Juntas de Freguesia, mas antes pelo ICNF. Nunca deixou de ser gerido pelo Estado central. Não houve plantação de árvores novas, não houve zona de micologia, nada. Apenas é feita manutenção de quando em quando, nomeadamente a limpeza nas entre-linhas e poda das árvores. O que se vê por lá são pinheiros e carvalhos que sobreviveram aos incêndios. Os mais impressionantes são de facto os carvalhos, que sobreviveram num caneiro junto à estrada, onde as chamas chegaram certamente com menos intensidade. Os quercus que se vêm aqui são já umas árvores de respeito, com uma vintena de anos em cima (imagino), que já venceram a primeira prova, a da competição com os pinheirinhos. Naquele pedaço, são elas que mandam.

Um carvalhal em crescimento

Quanto aos sobreiros plantados como compensação do Baixo Sabor, a plantação foi feita nas entre-linhas de pinheiros sobreviventes aos incêndios, com mangas de plástico a protegerem-nas das cabras e javalis. Posso estar enganado mas penso que os senhores do ICNF me falaram em 2000 árvores.

Primavera na QdB

Os dias são grandes, o calor não aperta e a vontade é de ir conhecer os vales e caminhos de Martim Tirado. De comboio pela Linha do Douro ou de carro pelo novo IC5 (a viagem entre o Porto e Martim Tirado dura agora apenas duas horas e meia), as desculpas começam a ser poucas para não vir conhecer e fruir uma região rica e hospitaleira como é a do Douro Internacional. 

Contamos convosco!





Colaborando

Museu do Douro

Temos a honra de apresentar a primeira colaboração da Quinta dos Baldo. A partir de agora, vendemos bilhetes para o Museu do Douro, com desconto. 

O Museu do Douro está sediado na Régua. A visita vale a pena.

Novo preçário

Decidimos que, no início, iríamos praticar preços baixos. Para cativar clientela, principalmente. Não é que queiramos inflacionar exageradamente os preços mal conquistemos essa clientela, mas achámos que devíamos começar por baixo. E foi o que fizemos. Os nossos preços - 55 euros por noite, 65 por noite ao fim de semana - são claramente abaixo da média. O que aconteceu, talvez pela conjuntura, talvez por ainda não dominarmos os canais de comunicação, talvez pelo preço, é que não estamos a ter a procura prevista. 

Assim, e até ver, os preços baixaram. A tarifa plana para o ano inteiro mantém-se, deixa de haver preço diferenciado entre semana e fim de semana, e o preço fica-se pelos 50 euros. 50 euros em qualquer dia, o ano inteiro.


Como sempre, esperamos a vossa visita. Até já!
 

Plantando um jardim autóctone, económico e sustentável

4 - Plantar


O propósito deste jardim é plantar apenas plantas da região / nacionais, prefencialmente recolhidas localmente. O azevinho (Ilex aquifolium) foi a única planta regional / nacional comprada, e as únicas exóticas são a roseira-trepadeira (Rosa spp) e a camélia (Camellia L., plantada muito a contragosto).


Estas são as plantas que já estão na terra:


Bela-luz (Thymus mastichina): o tomilho da região, usado muito na água das azeitonas. É, segundo Luís Alves, "o mais fantástico dos tomilhos que conheço". Trouxe-mos o Luís (o vizinho), apanhado no Lombelo. Só depois de os plantar é que percebi que "gosta de solos bem drenados, expostos ao sol", se não não os teria plantado à entrada, onde o muro tapa todo o sol matinal, e onde poderá haver humidade a mais. Quando arranjar mais planto-os em sítio mais solarengo.

Bela-luz (tomilho)

Arçã (Lavandula stoechas): aqui chamam arçã ao rosmaninho, a famosa aromática que faz as primeiras colonizações, antes das giestas e estevas. Aparece nas bordaduras de giestais e pinhais e é omnipresente nas bermas dos caminhos. Está a florir agora (abril), e algumas das plantas transplantadas já têm flor.

Arçã (rosmaninho)

Carqueja (Genista tridentata L.): já há muitos anos que a carqueja faz parte das opções gastronómicas da minha família. O coelho é sempre estufado com uns raminhos da dita; havendo carqueja, uso-a sempre para aromatizar o arroz; havendo flor, a infusão é deliciosa (e boa para o colesterol, dizem-me). O arroz de pato com carqueja é também muito vulgar. As carquejas que consegui arranjar vieram de matagais de giestas e pinheiros jovens e são um pobre arremedo de um arbusto. Tiveram de lutar pela vida, são tortinhas e fracas, e foi difícil arrancá-las com torrão. Espero que deixem descendência.

Carqueja

Alecrim (Rosmarinus officinalis): trouxe-mo a tia Clementina. Fomos a um amendoal dela e pelo caminho encontramos um alecrim, grande como uma pequena árvore. Vendo o meu ar fascinado, voltou lá e trouxe-me seis pés. Não sei se o alecrim é autóctone mas é certamente uma bestial contratação para o jardim.

Alecrim

"Alecrim": já percebi que isto não é alecrim; estou à espera que uma alma caridosa me identifique o bicho. Achei-o no caminho para a escola, junto ao rosmaninho. Fica a forrar os canteiros.

'Alecrim', entre outras

Xagarço (Halimium umbellatum): plantinha que, crescendo com espaço e luz, forma tufos agradáveis à vista. Parece uma mini-esteva: até as flores são parecidas.

Xagarço

Carrasco (Quercus ilex): a azinheira é a quercínea espontânea mais vulgar da região. Em Martim Tirado surge a colonizar antigos amendoais e campos de cereais, normalmente na sua forma arbustiva. Apenas se veem azinheiras altas quando em competição direta com os pinheiros. Plantei uma num sítio longe das canalizações, e vou tentar controlá-la, de modo a não crescer desmesuradamente.

Carrasco (azinheira)

Ao plantar cavei covas (mais ou menos profundas, consoante a planta), enchidas com terra nova, com menos pedras. Os rosmaninhos, prenhes de flores, plantei-os ao longo da passagem. As arbustivas maiores, logo atrás. Os "alecrins", que crescem rente ao solo, servem para cama dos canteiros.

O inverno frio e húmido está a fazer maravilhas pelas plantas novas. Mesmo as que, mais agarradas à terra, soltaram-se sem torrão, com as raízes nuas (ou mesmo danificadas, como o carrasco e as carquejas), parecem estar a safar-se.

A bela-luz, ainda a acomodar-se

Plantando um jardim autóctone, económico e sustentável

3 - Pontos de água

Ao contrário da sombra, não vou tergiversar sobre a criação de pontos de água num jardim. Não sei se são necessários, qual a sua utilidade. Sei apenas que na Quinta do Baldo vamos ter pontos de água. Dois.

No futuro, gostava de ter um reservatório para a água da chuva, ligado a caleiras. Aí tinha água para regar as plantas nas alturas mais secas. Até lá, vou ter algo de semelhante: duas pias, herdadas dos meus avós, para lembrar a chuva (pelo menos) uma semana depois de chover.

Uma das pias estava num palheiro onde o meu avô guardava o porco (palheiro de bloco, que demolimos recentemente). Dizem-me os vizinhos que a pia era de pedra, pesadona, para que o porco não a virasse. O porco é como o javali, sempre a fuçar. Quando a retro andou a fuçar por ali, pedi ao operador para pegar nas duas pias e colocá-las no jardim.

O que estava muito bem. O que não estava bem eram duas pias, atiradas para um canto do jardim, sem grande jeito. O truque era movê-las. Há umas semanas, antes de começar a plantação maciça de plantinhas do monte, tratei de trasladar as pias para junto às portas de baixo. A inspiração veio da construção das pirâmides do Egito (se bem que, neste caso, o escravo sou eu). Custou um pouco, soltaram-se mais umas lajes do pavimento, mas está feito. Talvez uma rã ou duas aceitem passar cá uns fins de semana.

Preparado

Upa

Upa upa

Feito

Plantando um jardim autóctone, económico e sustentável

2 - Criar sombra

Um dos fundamentos (presumo eu) da arquitetura bioclimática é, na ótica do mínimo esforço para máximo resultado, blábláblá, pôr a natureza a trabalhar para nós. Se a arquitetura bioclimática não é assim, então, enfim, mudo já de religião. Isto a propósito de (conversa de arquiteto) sombreamento de vãos. No curso de arquitetura falaram-nos amiúde de brise-soleil, mas muito pouco de sombreamento natural.

Quando a casa era ainda projeto pensei nos olmos do quintal (uma das razões para comprar a casa) como uma proteção natural à canícula. Os olmos foram secando e fui procurando alternativas.

Uma alternativa que existia desde o início eram as parreiras que o senhor Baldo plantou para fazer latada (ramada). Com as maravilhas da técnica, e uma Black & Decker, aqui o Gomes deu conta do assunto.

A parreira do tio Baldo

Os menires dos dois lados do pátio serviam mesmo para isso, para sustentar uma latada. Como ainda não houve tempo para outras aventuras, fiquei-me pelo básico de amparar a parreira à parede. O resto logo se vê.

Quanto às portas de baixo, outra ideia surgiu, certamente das horas infindas em blogues de design e decoração. Um (à falta de melhor palavras) arco de rosas a enquadrar a entrada da cozinha e do quarto dos olmos. Como todo o grande projeto tem o seu processo, tratei de arranjar as rosas. Nos viveiros não havia 'rosas de trepar'. Um dia, fortuitamente, encontrei-as no Jumbo. Plantei-as, duas, ao lado de cada porta.

Camarão. Fechado.

O serviço acabado.
flickr

De seguida dei corda à Black & Decker e, usando arame envolto em plástico e camarões fechados, fiz uma guia para as roseiras crescerem, e irem pingando sobre as portas. Vou publicando fotos da evolução.

Gente que gosta - Adelita Rosa de Mesquita


Nuno Gomes, boa noite!

Sirvo-me do presente email para parabeniza-lo pelo seu projeto Quinta dos Baldo. Contagiante o seu diário blogado desde o 1º dia ( demolições) até o 145º dia ( obra terminada).
Fiz questão de acompanha-lo desde a sua primeira postagem, pude participar da sua emoção em reconstruir a arquitetura dos seus ancestrais. Tudo muito lindo. Acompanhei passo o passo da sua construção em silêncio e só agora me manifesto para parabeniza-lo.
Sou brasileira, possuo um projeto um pouco parecido aqui no nordeste do Estado de Goiás/Brasil.
Meu nome é Adelita , apelidaram-me de  Della.
Meu blog é http://estanciadosportais.blogspot.com.br Permaculturando com Arte.
Querendo dê uma passadinha por lá. Estou um tanto desatualizada devido aos muitos compromissos embaraçados mas pretendo organiza-lo a partir deste mês que começam as práticas permaculturais do meu projeto.

Felicidades mil e que suas cerejeiras floresçam com a mesma intensidade do seu amor e paixão pela Quinta dos Baldo.

Parabéns e que você tenha muito sucesso no seu empreendimento.
Abraços
Della

Open Street Map - Perímetro Florestal do Palão

Nas minhas andanças pelo Open Street Map tenho desenhado toda a rede de caminhos que envolve Martim Tirado. Com o tempo surgiram também as manchas florestais. Comecei entretanto a distinguir entre caminhos, e também entre as manchas florestais, que podem ser espontâneas ou geridas.

Povoamento de pinheiros

O que distingue uma da outra na fotografia de satélite é que a floresta gerida é plantada, e normalmente isto é feito segundo as curvas de nível.

A caminho de Freixo, o crescimento de um carvalhal (misto de americano e pyrenaica) foi-me apaixonando ao longo dos tempos. Percebia que era um crescimento controlado, mas apenas aquando do início dos trabalhos de manutenção é que percebi que os carvalhos tinham sido plantados e eram geridos, assim como o pinhal que os envolve. Viam-se claramente as linhas de plantação, segundo as curvas de nível. As pessoas da zona apenas me falavam dos dois grandes incêndios que arrasaram com a zona, uma vez alguém me falou de uma gestão conjunta, e é tudo o que sabia sobre aquele povoamento.

Só quando comecei a investigação é que me cruzei com o mapa de áreas geridas pela Autoridade Florestal Nacional (agora ICNF):

Áreas geridas pela AFN

Foi então que descobri o conceito de perímetro florestal, e dentro disso, o Perímetro Florestal do Palão:


A área a verde tenta representar os limites do Perímetro (se bem que toscamente). Ao prestar mais atenção ao passar de carro e ao desenhar as suas características, apercebi-me que a sua plantação regrada, os pontos de água, a rede de caminhos, são tudo questões essenciais para a autoproteção do Perímetro, assim como para o seu sucesso florestal.

Um pouquinho de busca e descobri mais sobre o projeto em curso, gerido pelas Juntas de Freixo e Mazouco. Não estará a ser seguido à justa

Para combater a desertificação física dos solos, os técnicos vão pôr de lado o pinheiro, que anteriormente povoava aquela área, e plantar espécies mais adequadas ao solo e clima da região, como é caso do sobreiro, castanheiros, azinheira e carvalho.

(plantaram-se muitos pinheiros), mas é certamente um exemplo para um país com muita floresta mas que é muito pouco florestal. Espero que avancem com os cogumelos: 

Naquela zona vai, ainda, ser criada uma mancha para a produção de cogumelos silvestres, bem como a recuperação da antiga casa florestal.

Plantando um jardim autóctone, económico e sustentável

1 - Transplante

Não era uma ideia antiga, esta de criar um jardim a envolver a Quinta dos Baldo com plantas da aldeia, se bem que já vinha de longe a vontade de criar jardins com plantas com baixa necessidade de água e pouca manutenção. 

De muito andar por Martim Tirado, comecei a identificar plantas que pudessem integrar-se num jardim acolhedor, florido e cambiante ao longo do ano. Assim sendo, comecei por pensar na arçã (rosmaninho), vulgar nas beiras das estradas ou na transição entre campos cultivados e giestais e pinhais. A flor é linda e o cheiro inebriante. É uma das minhas arbustivas preferidas. Pensei também no xagarço, e ainda mais depois de o encontrar junto às urzes, a criar tufos redondinhos, perfeitinhos, verdinhos, ali que não tem que lutar pela vida (ao contrário do pinhal estabilizado, onde só o pinho se safa). A urze também entrou na lista, se bem que em Martim Tirado só se encontra na serra, e nos sítios altos. Já nas arbustivas de maior porte a carqueja era também uma escolha óbvia. Ótima para a culinária, flor amarela e bonita. A esteva, com a sua singela flor, também foi considerada, assim como a giesta, branca e amarela, conseguindo assim florações mais espaçadas.

Como o inverno está a chegar ao fim, tive de acelerar o processo. Comecei pela arçã e pela carqueja. As carquejas arranjei-as no início do pinhal, embrenhadas em giestas e pinhos jovens. Como já tinham lançado raízes profundas tenho dúvidas que peguem. Dúvidas essas que não tive no transplante das arçãs, que arranjei no souto do tio Amílcar, um pouco acima da casa dos meus avós, no espaço entre duas leiras que não é lavrado. As arçãs duram pouco tempo e por isso deitam pouca raiz, e fiz questão de escolher os espécimes mais jovens e isolados, para garantir um transplante perfeito. Se correr bem, em Abril já as tenho floridas, já que consegui transplantá-las com torrões a conter a raiz inteira. Aqui fica o processo do transplante; o resultado mostro depois.

Limpar à volta. 
Cavar à volta.

Sachar de uma vez só.

Acomodando.

Transporte.

Uma semana

Ficar parado na neve do Marão. Subir ao Reboredo para ver mais neve. Tirar fotos à neve em Martim Tirado. Plantar uma camélia. Pintar o chão das casas de banho. Limpar as amendoeiras. Arranjar uma empregada. Desmanchar as podas das amendoeiras. Envernizar a banca da cozinha. Ir ao pinhal com o tio Amílcar para ver marcos novos.

dia da neve

Amendoeira e Cerejeira em Flor

A partir de meados de fevereiro Trás-os-Montes celebra a amendoeira em flor, uma festa de colinas toldadas de branco e rosa e de um sol ameno e hospitaleiro. A Quinta dos Baldo juntou-lhe a cerejeira em flor, um espetáculo cada vez mais belo e inimitável. Assim, entre 15 de fevereiro e 31 de março, venha a Trás-os-Montes conhecer a Amendoeira e Cerejeira em Flor.

amendoeira e cerejeira em flor

Open Street Map - Rota da Cigadonha

Da conversa com a malta do Clube Académico de Carviçais surgiu o mapeamento digital da Rota da Cigadonha, que foi pensado e sinalizado por eles.

rota da Cigadonha

Já fiz o percurso uma vez, mas quero fazê-lo de novo e só depois escrever um texto. A ligação fica guardada naquela barrinha, à direita.