Centésimo trigésimo sétimo dia - Ikea

O lume é carava, dizia-me a Alcina ao borralho, hoje de manhã. As noites e as manhãs andam frias e as velhas já acendem a lareira.  Companhia, perguntei eu? Aquilo que você chama companhia eu chamo a carava. Ensinou-me uma mulher que morou lá na sua casa.

Não sei se por vergonha, se por que foi, mas ontem ocultei o que me ocupou parte do dia, e a totalidade do dia de hoje: montar móveis do Ikea. Não que me envergonhe de comprar móveis lá mas sei que os futuros clientes vão querer algo mais do que um catálogo do Ikea. Os prazos e o orçamento ditaram as decisões, mas espero que, com tempo e tino, possa escolher melhor.

O barro está a secar bem. Segunda envernizo.

Centésimo trigésimo sexto dia - retoques

E eis que se acaba o barro. Não a matéria-prima, reforçada esta semana com novo carregamento, mas o chão. Com a ajuda do obreiro, ainda a manhã ia a meio e já tínhamos terminado o quarto de baixo.

quarto de baixo

quarto de baixo

Acabado o barro, desloquei o obreiro para outras funções. Primeiro para arrumar saibro e barro longe da vista; depois para acartar terra que tinha ficado junto da eira para preencher os desníveis que o empreiteiro se recusou a tapar.

A carpintaria avançou também, mais centrada nos pormenores. As casas de banho de baixo já têm portas.

retoque finais

retoques finais

Centésimo trigésimo quinto dia - gaveta

Aparentemente, a borrasca já foi. Sem chuva, as misturas já se fazem facilmente no exterior e o trabalho segue sem percalços  Como o obreiro número dois (o número um só volta amanhã) teve de apanhar o comboio das cinco e meia, o trabalho acabou cedo, pelas quatro e meia. Se não, acabávamos o quarto. Ai não que não acabávamos.

A carpintaria seguiu o seu rumo. Vieram as portas, já lacadas e envernizadas (a parte envernizada ainda me assusta, a ver se com o tempo perde força), e os pormenores em falta são cada vez menos. Cada novidade traz consigo uma nova dificuldade, mas dá sempre para resolver.

o enigma da gaveta enviesada

Centésimo trigésimo quarto dia - chuva

Meses e meses de secura extrema (dizia-me o tio Luís: a última vez que choveu a sério foi em novembro) e tinha de cair a borrasca na última semana de obra. Tivemos de crivar e amassar o barro no corredor. Isto quando já tínhamos barro, que chegou apenas a meio da manhã. Mal chegou, acabámos a cozinha e avançámos para o quarto de baixo, o último por acabar.

debaixo da fita

Os carpinteiros também andaram por lá, a fechar armários e a desenhar portas feitas de forro. Muito a contragosto, lá montaram o exaustor da cozinha e respetivo móvel. Digo a contragosto por estes serem do Ikea.

a cozinha

trabalho de carpinteiro

Deus, tanta chuva. Bom para as castanhas e para as sanchas, sem dúvida.

Centésimo trigésimo terceiro dia - à geira

A manhã pegou em força. Eu mais dois obreiros, mais ninguém na obra. Prometia. No entanto, o barro escasseava. Ao fim da manhã já não sobrava barro para o meu grupo, na cozinha (segunda camada) nem para o obreiro no quarto de baixo (primeira camada). Atacámos o verniz, primeira demão na cozinha, segunda demão na parte de cima. Acabado o verniz, virámo-nos para o lixo que circundava a casa. Grande parte seguiu direto para o contentor. Sobrava tempo para os obreiros. Pu-los a apanhar amêndoa. E mais um dia se cumpriu.

Centésimo trigésimo segundo dia - abrunhos

Passei o dia sozinho, na cozinha, a acabar o chão. Só desisti quando senti as costas a dar de si. A meio da manhã, numa pausa, fui xeretar o trabalho que o carpinteiro deixara a meio, na passagem entre o quarto de baixo e a cozinha. Nas minhas deambulações, ontem, enquanto o carpinteiro ia trabalhando, lá tentava perceber o que ele estava a fazer (neste caso, no forro dum guarda-vestidos embutido). Discutimos mais do que uma vez o remate do armário, que saía enviesado. Por incúria minha, achava que era o interior do armário que estava enviesado, o que não era crítico. Com uma solução engenhosa, tudo se resolvia. Só hoje, a meio da manhã, é que percebi que não era o interior do armário que estava enviesado mas sim O CORREDOR. Sim, o corredor. Como uma das paredes de pladur tinha ficado com as medidas erradas, o carpinteiro decidiu-se a corrigir isso fazendo um corredor enviesado. Mal se nota, já me apercebi, mas não tem jeito. Terça revemos isto.

Com a ânsia de fazer com que o barro seque o mais rápido possível tentei abrir janelas, portas e claraboias. Como o tempo está a mudar, uma rabanada de vento encheu de poeira parte do barro feito hoje. Em pânico, ainda tentei vassourar (ideia estúpida), mas parece-me que como o barro já estava feito há umas horas o lixo não pegará.

a cozinha

A tia Clementina trouxe-me uvas, de manhã, e abrunhos, ao início da tarde.

as prendas da Clementina

Centésimo trigésimo primeiro dia - rachadelas

Engarrafamento na Quinta dos Baldo: uma camioneta de quinteiros que andavam à amêndoa; do picheleiro, que veio montar o pio (ou ontem ou anteontem ficou quase pronta a banca, esqueci de escrever); do carpinteiro; dos do pladur, que vieram lixar as paredes e dar o primário.

o senhor Gaspar a despachar a banca

A meio da manhã lá lancei a piada de sempre, já testada com os carpinteiros. Já está tudo lixado? Sim sim. Sabes que na minha terra não dizemos 'já está tudo lixado', dizemos 'já está tudo f*****'. Piadinhas do patrão. Lá se riram, a contragosto.

antes de pintar, vamos 'lixar' as paredes

Pudera. Passaram a manhã a levar nas orelhas. Ponham plástico na sala toda. Olha o taquinho por baixo da escada. Não ponhas o pé aí que esse barro ainda não está envernizado. De facto, o barro envernizado apenas com uma camada ganha uma resistência que eu não antevia no barro por envernizar. Devia ter envernizado a parte onde andaram os carpinteiros na semana passada. Tinha poupado muitas rachadelas.

no quarto de cima, entre pinturas

Quanto ao trabalho do dia, travado pela evolução dos pintores, pouco fiz. Acabei a primeira de barro na cozinha e ao fim da tarde fiz umas filas da segunda de barro, também na cozinha. O barro, aplicado em goma, totalmente saturado de água, é a melhor forma de ser trabalhado. Cada vez sai mais perfeito.

Com as portas da casa de banho de cima colocadas há mais de um dia é que detetei mais um 'erro do arquiteto', como gosta de enfatizar o carpinteiro. Ao desenhar, pressionado por ele, os aros das portas no chão, não tive o discernimento de verificar se estava a olhar bem para o desenho se este não estaria rodado 180°. Aconteceu a segunda hipótese. Ainda pensei na possibilidade de pedir que retirassem os aros, mas desisti ao perceber o atraso que isso constituiria e ao verificar que assim, rodado 180°, funciona igual. Raio do arquiteto que não sabe o que quer.

entre a sala e o quarto

Centésimo trigésimo dia - raposa

O servente, que tão prestimoso se revelou a acabar o saibro, mostrou-se lento e inábil na primeira camada de barro. A olho, parecia demorar o dobro do tempo que eu demoraria a encher um retângulo de barro, ainda para mais numa camada que se quer tosca e expedita. Foi-se embora sem acabar a cozinha, coisa que tentei acabar eu próprio ao final da tarde, sem sucesso.

a cozinha

O dia atrasou-se-me por via dum emprevisto. Um dos vizinhos sentia-se mal e a mulher, à falta de táxis que a acudissem, veio 'falar-me' do caso. Prontifiquei-me a levá-los a Freixo, ao Centro de Saúde, que posteriormente os enviou para Mirandela. Só voltei depois das três.

Quando cheguei acabei o envernizamento das divisões de cima. Durante a manhã acompanhei o patrão dos carpinteiros revendo armários e medidas, e o funcionário no avançar dos trabalhos. Esqueci-me dizer - já chegaram as portas interiores!! Com acertos a fazer, principalmente nas portas da casa de banho do quarto de cima, que teimam em bater uma na outra.

à volta dos aros

Preocupado com a secagem do saibro, tenho mantido todas as portas e janelas bem abertas, e hoje abri também as claraboias. Para meu agrado, o vento puxou bem durante o dia, se bem que este vendaval noturno me deixa de sobreaviso. Imagino que não haja problema, desde que não chova.

Ontem, durante a noite, um bichito ladrou por trás da minha cama, lá fora. Uma raposa, talvez.

Centésimo vigésimo nono dia - choiba

Hoje, finalmente, entrou o servente para me ajudar no chão. Veio de Carviçais. Pu-lo a acabar o saibro no quarto de baixo, enquanto eu ataquei a parte de cima. Era hora de começar a primeira mão de verniz. 88% de linhaça, 10% de aguarrás e 2% de secante.

kit de envernizamento

quarto de cima

Ao voltar para a escola, ainda agora, parei para cumprimentar a tia Alcina e o tio Amílcar. Não me ligaram muito. Estamos com medo que choiba, confidenciou-me o tio Amílcar, e nos molhe a amêndoa toda. Ora choiba. Mais uma palavra 'galega' tão longe da Galiza. Foram certamente colonos que andaram por aqui.

a ver se não vem a chuva

Já a sair ouvi, de pessoa não identificada, tenho de amerrindar o cu que estou cansada. E assim se passou mais um dia.

Centésimo vigésimo oitavo dia - esquilo

Comecei a trabalhar, já depois das dez, na parte de cima. Interessa-me, quanto antes, rematar o barro na sala e no quarto de cima para se dar início ao envernizamento. Na sala faltava ainda a primeira camada de barro em duas linhas - check; no quarto faltavam quatro linhas da última camada, entretanto despachadas. Com o barro crivado que sobrou avancei para fechar a segunda camada na sala, que não acabei por um inusitada dor nas costas.

quarto de cima

a sala

Vi um esquilo morto junto ao bairro Ferrominas, no Carvalhal. Uma senhora que mora à entrada de Martim Tirado correu atrás do carro quando me viu a passar. Deu-me oito ovos.

Centésimo vigésimo sexto e centésimo vigésimo sétimo dias - linhas

Quarta fiz sete linhas. Ontem fiz cinco. Hoje fiz três e meia. Falo, como é óbvio, de linhas de barro. Fiquei a quatro de acabar o quarto de cima.

quarto de cima

Ontem tive de gerir a maralha de eletricistas que se ajuntaram na obra. Eles vinham com o objetivo específico de rematarem tudo mas, para além de não terem trazido todo o material necessário, o que faltava era de mais para só um dia. Puseram um dos candeeiros de cortiça no ar. Ficou bem.

primeiro candeeiro

armário a caminho

Hoje voltou o carpinteiro. Com as ligações elétricas no armário entre a sala e a cozinha despachadas, era hora de fechar o armário. Azar dos azares, o forro não chegou (grande surpresa), e o dia de trabalho acabou mais cedo. Passei por Freixo para ver a banca. Fiquei um pouco desagradado com o resultado, mas a culpa é só minha. Ficaram já montadas as prateleiras na passagem entre a sala e a cozinha, enviesadas, como a casa é enviesada. Ficaram bem.

armário a caminho

A tia Alcina convidou-me para almoçar. Era meio-dia e o tio Amílcar ainda não lá estava. Encontrei-o junto da passeira, a abrir ameixoas. Para o ano faço uma.

Centésimo vigésimo quarto e centésimo vigésimo quinto dias - floribella

Perdi a noção dos dias, das horas, do trabalho. Ontem, exausto, fui incapaz de escrever o diário. Fui direto para a cama. Talvez por causa disso, talvez por os dias serem todos iguais, hoje não tinha noção do trabalho que tinha feito. Pô, eu fiz isso tudo hoje? Afinal, fiz mesmo.

Começando por ontem, o carpinteiro começou o armário entre a sala e a cozinha, e logo me assustou. Quando, depois do almoço, chegou o patrão com as caixas para o armário, as medidas não batiam certo certo e o carpinteiro, isto assim não dá, então não sabiam medir bem as coisas, a conversa do costume. Deixei-o falar, o dia foi avançando e tudo se compôs. Muito mal não estaria. Ficou a face do armário virada para a sala quase acabada.

armário a caminho

No barro, acabei a primeira camada do quarto de cima e com o barro que sobrou fiz uma parte do quarto de baixo. O barro começa-me a parecer pouco. Ao fim do dia ainda fiz duas filas da segunda camada no quarto de cima (nota mental: já é tempo de os quartos terem nome).

Hoje custou-me a levantar. Na obra já o carpinteiro se azafamava, sequioso de continuar o trabalho. Em pouco tempo acabou a face da sala, e quando se preparava para fazer o mesmo na face virada para a cozinha, pedi-lhe para abrandar. Se ele fechasse tudo os eletricistas não podiam fazer as ligações. Contrariado, e depois de muito rabujar, lá se virou às escadas, autêntico jogo de construção infantil.

armário a caminho

o escadório a meio caminho

No campo do barro, e ainda para mais num dia com novidades, telefonemas, ida a Freixo e acompanhamento do trabalho do carpinteiro, fiquei surpreendido ao ver que tinha feito mais de um terço da segunda camada de barro do quarto de cima. De facto, o trabalho só não anda quando se está parado. Mesmo em dias maus como o de hoje, se levarmos o trabalho cadenciado e ligeirinho o resultado surge, brilhante.

quarto de cima

Quando estão para bater as onze começo a cheirar, como os cachorros, a ver se encontro as senhoras. Vejo-as ao longe, chego-me perto para as cumprimentar, e faço o que posso para que me convidem para almoçar. Hoje de manhã a tia Alcina lá vinha, toda curvadinha, da apanha da amêndoa. Vinha cansada, não ia fazer nada de especial para comer, ao que lhe respondi que não se preocupasse comigo, que tinha o que comer. Deve ter percebido tudo ao contrário porque pouco depois apareceu-me com um saco com um ovo cozido, um naco de pão e um chouriço, e pediu-me sigilo, com medo da reação do marido. A irmã, talvez para não ficar atrás, trouxe-me três pepinos e seis ovos ao final da tarde, para uma omolete, para além dos seis abrunhos que me trouxera antes. Com tão pouco, senti-me rico. Como a Floribella.

Centésimo vigésimo terceiro dia - escadório

Carpintaria de volta à obra. E desta é para acabar, garantem-me. Hoje começou-se pelo forro das casas de banho (que à hora do almoço já tinha acabado, como de vezes anteriores - é difícil, com as emendas e erros, medir com precisão as quantidades necessárias).

o quarto de cima

Os da aldeia já andam à amêndoa. Perguntei-lhes se devia fazer o mesmo e responderam-me que a minha era mais tardeira. Mas era olhar para a árvore. Fiquei confuso.

Ao fim da tarde passei na oficina do carpinteiro para discutir pormenores da banca e do armário entre a sala e a cozinha. A escada, parte integrante desse armário, já estava cortada.

o escadório real

Centésimo vigésimo segundo dia - bolhinhas

Novo problema, desta feita bem menor: a mistura, estando super-líquida, pode ganhar bolhinhas. Mais uma para o catálogo.

a sala

Cheguei às quatro exausto, encostado a uma parede, abafado pelo calor. Acabei a sala. Antes de ir embora fui apanhar figos e pêssegos. As figueiras, que não foram regadas, cresceram pouco este ano: poucos ramos novos, poucas folhas, figos pequenos. Os pessegueiros, pelos quais não dava dois chavelhos (e que no ano passado nem pêssegos deram), surpreenderam-me com pêssegos saborosos que, quando escachados, soltam um sumo que nos molha os pés. O segredo, ao contrário das figueiras, é não regar, segundo o tio Luís, que me veio ajudar. Imagino que assim dê menos pêssegos, mas mais saborosos.

Comecei o quarto de cima depois do almoço mas o calor levou a melhor. Tou fora.

o quarto de riba

Centésimo vigésimo primeiro dia - gato-bravo

Acordei tarde e logo segui para Freixo. Precisava de comprar mercearias e uma máquina de lavar roupa para a casa. Aproveitei para consultar o email no sempre agradável Café Xangai e para falar com o carpinteiro. Era dia de feira, estava Freixo cheio de gente como nunca vi.

Voltei para continuar o chão. A verdade é que o trabalho solitário, as dores e o calor deitam qualquer um abaixo, mas quando se conclui que o trabalho não corre bem, o intelecto reage ainda pior, e vamo-nos abaixo. Foi o caso dontem, ao notar que parte do trabalho anterior não tinha corrido bem e que, mesmo sabendo disso, não conseguia dar a volta e fazer bem.

a sala

Tudo mudou hoje. Para além ter passado a ter todo cuidado do mundo com a água que uso para molhar o barro antes de aplicar a segunda camada, passei a aplicar o barro extremamente molhado (quem me ensinou falou-me em 'goma', e acho que o termo é correto). Assim, o remate final com a palustra é um ligeiro afagar duma 'goma' molhada. A palustra desliza como uma prancha de surf sobre uma onda.

a sala

E nota-se no resultado. Como a camada final é aplicada quase líquida, a água faz com que não sobrem espaços entre as areias e o barro, o que dá origem a uma superfície homogénea.

a sala

A Clementina deu-me a provar o doce (compota) de tomate acabada de fazer. Espalhei-a, ainda quente, sobre uma fatia de pão. Os turistas hão de fazer filinha, tia Clementina.

Ainda agora, seguia-me o Trovão a caminho da escola quando o vejo a largar encosta acima. Logo atrás dele seguiu a Fidalga. Seguiam atrás de um gato pardo, gordo e de cauda espessa. A perseguição continuou pelos pinhais, com cães de todo o lado a juntarem-se à festa. Ou é de mim ou era um gato-bravo.

Centésimo vigésimo dia - chichi de obra


Hoje foi um bom dia de trabalho. Tirando o início da manhã, em que acompanhei o picheleiro no conserto da fuga, trabalhei seguidinho. Acabei a primeira camada de barro na sala e, ao fim da tarde, recomecei a segunda camada. Os processos vão simplificando-se à medida que os dias correm, mas a segunda camada continua a ser a mais custosa e demorada. O meu braço direito só aguenta o esforço à custa de muito voltaren. A ver quanto mais tempo duro.

O chão avança, se bem que com algumas dúvidas. Parte dos retângulos que enchi na semana passada ganharam um tom pardo. Quando se olha com mais pormenor vê-se que há áreas em que uma das argilas, de tom mais amarelado, se sobrepõe ao barro vermelho e quebra a homogeneidade. Mudei algumas coisas no processo, a ver se consigo evitar isto.

a sala

Hoje fiz o meu primeiro chichi de obra. Felizmente havia sanita.

A Clementina voltou a ter televisão (malfadada tdt). O país arde.

Centésimo décimo nono dia - caranguejo

Começo a duvidar seriamente das capacidades do picheleiro. Pedi-lhe para tratar da fuga durante o fim de semana. Veio ontem. Quando cheguei à obra, hoje, depois do almoço, liguei a água para testar a eficácia do conserto. Percebi na hora que o problema estava por resolver - a rodinha do contador girava e o saibro logo voltou a encharcar-se. Aproveitei a presença dos eletricistas e pedi-lhes para soltarem a tomada embutida, para que se pudesse levantar a tábua que tapava o furo. O interior da tomada estava encharcada, assim como todo o espaço sob a tábua. Mexi na maralhada de tubos e percebi que era ali o problema. De tanto se mexer nos tubos da água (é das zonas da casa com mais confusão de tubos e canudos), uma das ligações soltou-se, e daí fugia a água.


malfadado furo

Pela minha parte, de volta ao chão. Ainda não consegui alguém que trabalhe à geira e possa ajudar-me. A casa já está ligada à rede elétrica. Quando cheguei, o Amílcar, não sei se da leitura dos jornais, questionava-se se existirá solução para os problemas do país. Não será concerteza com a austeridade da troica, assevera. Encontrei o Luís e a Clementina à entrada de Martim Tirado. Vinham da feira de Mogadouro.

os elétricos em operação
Ao limpar os cacos da tragédia da outra semana surgiu-me isto:

não fujas aranhinha

Costeiro que sou, pensei que fosse um caranguejo.