De pé às seis e meia; na obra às sete e meia; vinte minutos
depois chega o empreiteiro. Amanhã fazemos o chão, anunciei em tom triunfante
ao empreiteiro. O chão das casas de banho, isto é. Chão de cimento revestido a
tinta de piscinas. Algumas camadas, é tudo. Ronda de explicações. Uma quezília.
Eu explico o que quero aos carpinteiros e eles arranjam maneira de o fazer. É
assim que se faz. Bô bô bô. Tu pedes muito, isto não é assim como tu dizes, ó
Nuno. Ó senhor Manuel, cada um sabe da sua arte. Eu digo ao carpinteiro e ele
faz como eu quero. Eu não sou pedreiro, eu não sei como se faz. Digo-lhe o que
quero e você arranja uma maneira. É assim ou não é?
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o duche a ganhar forma |
(foto)
Afinal, é. Tudo se resolveu. Não sabia como fazer o chão com
o ralo e o sifão embutidos. Isto depois de, na semana passada, lhe ter mostrado
os ralos e os sifões. Chamou-se o picheleiro. Para a vinda não ser em vão,
arranjei-lhe mais tarefas. Tapar com grelhas os buracos da ventilação, mudar o
tubo do saneamento da máquina de lavar a roupa, instalar a caixa do contador.
Como nenhum dos fornecedores me arranjou uma caixa metálica, tivemos de optar
por uma convencional, de plástico. Na última versão do plano, a caixa ficava
embutida na parede, coisa que sempre odiei, e que ainda para mais implicava
pedra partida e trabalhos extra. Imerso na dúvida, coloquei a caixa encostada à
parede. Com um jeito de caixa do correio, coisa que nunca envergonhou nenhum
muro. Com a ajuda de spray preto, pintei a tampa e a caixa interior de preto e
pedi ao picheleiro para a fixar à parede.
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cucu! sou uma caixa. |
(foto)
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cucu! desapareci. |
(foto)
Tudo isto com um calor que já se sentia às nove da manhã e
só amainou depois do jantar.
As minhas noites na Macieirinha têm sido acompanhadas pelo
deambular constante de uma coruja. Para os mais pacientes ela deixa-se ver,
pousada nos postes de eletricidade a chamar pela fêmea (ou vice-versa). Gosto
dela. É minha amiga.
Diz-me a senhora ao meu lado, eles moram sozinhos lá em
cima, só com o gado e os cadelos. Quando uso palavras que aprendo na Galiza, é
porque sou maluquinho. Ora eu uso-as exatamente por saber que, mais cedo ou
mais tarde, as encontro em Portugal.
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