Dom Baldo de Martim Tirado e o seu palácio de uma torre - Capítulo X

Subíamos o monte pela margem direita da ribeira da Vilela. O céu estava limpo, fazia muito calor e não havia vento.

À nossa frente, numa eira, formou-se um polvarinho de pó e de palha. Rapidamente tornou-se tão forte que fez ir pelos ares as telhas do telhado de um moinho entre os que ali havia e depois, enfurecido, fazia círculos à nossa volta. Ao Botelho parecia-lhe que via no redemoinho uma feiticeira em forma de cobra. Seguindo a tradição popular pegou numa peneira e numa garrafa que pediu ao moleiro. Benzeu-se e disse:” credo, 
abrenúncio”. Depois, com aquela peneira e a garrafa meteu-se no meio do redemoinho para prender a feiticeira. O redemoinho desfez-se. Então o Botelho dizia, com ar de satisfação, que tinha agarrado e metido na garrafa a feiticeira e que a tapou com a peneira para esta não fugir. Com curiosidade examinámos a garrafa e a peneira e não vimos qualquer feiticeira. Talvez se tenha escapado.

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