Centésimo sexto dia - batman

Talvez o dia mais difícil de passar até agora. Disse-me um taxista conhecido, em Freixo, que estariam 36°. E quando o sol surgia por detrás das nuvens. Deus meu.

O dia comecei-o cedo, como já é hábito. Tinha de descarregar o carro, em parte cheio de material para a terra batida, por outro lado carregadíssimo com o essencial da loiça sanitária para a casa. Testei também uma mangueira nova, ligada à torneira da banca dos meus avós. A mangueira servirá para humedecer o saibro e para molhar o barro, a usar no chão. 

Os carpinteiros começaram com o reguado (para conter a terra batida) no quarto de cima. Como eu esperava que as réguas fossem de contraplacado (1,8 centímetros de espessura), disse ao carpinteiro que podia cortar as réguas transversais, que serviam como bitola, com 18 centímetros, e as compridas vinham com folga e acertavam-se na obra. Para minha surpresa, as réguas eram de madeira maciça e tinham mais de 2 centímetros de espessura. Ao juntar-se as réguas todas não batia certo, portanto todas as bitolas tiveram de ser acertadas um milímetro. Como em tudo na vida, só custa à primeira.

o Carlos em ação

desfasado

quarto, sala, cozinha. assim se faz uma casa

Com o trabalho a avançar a bom ritmo (e como ninguém me fez o almoço em Martim Tirado), rumei a Freixo, para rango pago, uma máquina de lavar roupa para escolher e uma incrível exposição de arte quinhentista para visitar. Não sei quem se lembrou de inventar que teria sido Grão Vasco a pintar as telas (que fazem parte do retábulo da Matriz e foram recentemente restauradas na biblioteca, já que os freixenistas fizeram barulho e não deixaram sair as telas), mas a exposição vale bem a pena. Aconselho a visita agora, que as telas estão à altura dos olhos, porque em setembro voltam ao retábulo, e aí só de binóculos.

(não é Grão Vasco)

Ao voltar, uma contrariedade. A luz falhou, a vizinha não deixava ligar à casa dela, e o trabalho dos carpinteiros ainda mais atrasado. Sempre a apagar fogos, lá convenci a vizinha a emprestar a luz até ao fim do dia, e chamei o piquete da EDP para o conserto, concretizado ao fim da tarde. O impasse traduziu-se no trabalho inacabado.

Também por lá passou o senhor do gás, que selou o tubo furado na semana passada e o senhor dos materiais de construção, que me trouxe o barro. O saibro chega amanhã. 

Comecei a proteção da madeira. Da fita-cola de eletricista (um flop), passei para fita-cola de papel, mais apropriada à madeira mas ligeiramente mais larga. Tive de tirar o excesso ao X-ato, o que torna o processo mais trabalhoso. E ainda estou para ver se a fita-cola de papel não salta como saltou a de eletricista.

Pedi ao Zé Manel que me mostrasse um amendoal que o meu pai não herdou e que estaria ao abandono. E É GIGANTE. E eu que achava que as minhas quinze amendoeiras eram muitas. Ali haveria mais de cem, todas por limpar, o terreno por arar, silvas a prosperar. Talvez algum dia lhes possa dar a devida atenção.

Lá fora ouço o morcego, sempre a chiar. Talvez por isso não tenha insetos no quarto. Tenho o batman do meu lado.

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