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Plantando um jardim autóctone, económico e sustentável

1 - Transplante

Não era uma ideia antiga, esta de criar um jardim a envolver a Quinta dos Baldo com plantas da aldeia, se bem que já vinha de longe a vontade de criar jardins com plantas com baixa necessidade de água e pouca manutenção. 

De muito andar por Martim Tirado, comecei a identificar plantas que pudessem integrar-se num jardim acolhedor, florido e cambiante ao longo do ano. Assim sendo, comecei por pensar na arçã (rosmaninho), vulgar nas beiras das estradas ou na transição entre campos cultivados e giestais e pinhais. A flor é linda e o cheiro inebriante. É uma das minhas arbustivas preferidas. Pensei também no xagarço, e ainda mais depois de o encontrar junto às urzes, a criar tufos redondinhos, perfeitinhos, verdinhos, ali que não tem que lutar pela vida (ao contrário do pinhal estabilizado, onde só o pinho se safa). A urze também entrou na lista, se bem que em Martim Tirado só se encontra na serra, e nos sítios altos. Já nas arbustivas de maior porte a carqueja era também uma escolha óbvia. Ótima para a culinária, flor amarela e bonita. A esteva, com a sua singela flor, também foi considerada, assim como a giesta, branca e amarela, conseguindo assim florações mais espaçadas.

Como o inverno está a chegar ao fim, tive de acelerar o processo. Comecei pela arçã e pela carqueja. As carquejas arranjei-as no início do pinhal, embrenhadas em giestas e pinhos jovens. Como já tinham lançado raízes profundas tenho dúvidas que peguem. Dúvidas essas que não tive no transplante das arçãs, que arranjei no souto do tio Amílcar, um pouco acima da casa dos meus avós, no espaço entre duas leiras que não é lavrado. As arçãs duram pouco tempo e por isso deitam pouca raiz, e fiz questão de escolher os espécimes mais jovens e isolados, para garantir um transplante perfeito. Se correr bem, em Abril já as tenho floridas, já que consegui transplantá-las com torrões a conter a raiz inteira. Aqui fica o processo do transplante; o resultado mostro depois.

Limpar à volta. 
Cavar à volta.

Sachar de uma vez só.

Acomodando.

Transporte.

Sexagésimo oitavo dia - arrancando estevas


Mais um dia sem história. A chuva que não chegou a cair deixou o empreiteiro em casa. De manhã aproveitei a ida a Freixo para dar boleia à tia Clementina e ao pai do Zé Manel. À vinda, enquanto a Clementina ia ao serralheiro resmungar por uns estores que em vez de alumínio eram de plástico, passei no carpinteiro para reescolher os puxadores, tarefa feita a correr na semana passada.

A Fidalga, contaram-me, ladrou a noite toda. Quando cheguei ganiu o que pode expulsando o Trovão da eira. Tratava com paninhos quentes uma pele de javali. Cheirava e lambia-a, como que com medo que desaparecesse.

o Obélix de Martim Tirado
(foto)

Almocei na casa da Clementina. Quando cheguei o marido desfazia ramos de urze - é para fazer chá, diz o médico que faz bem à próstata.

chá de urze. Para a próstata
(foto)

A tarde passei-a no pinhal, enquanto não chovia. O meu lado obsessivo-compulsivo começa a vir ao de cima e, para além de ter começado a arrancar tudo o que não sejam pinheiros ou carrascos (quase só estevas), passei a fazer montes encosta acima com o mato apanhado, à mesma distância uns dos outros, e a empilhar os toros cortados contra um pinheiro. A motosserra não se encharcou desta vez, cortou gloriosamente até se acabar a gasolina.