Mostrar mensagens com a etiqueta viga-cumeeira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta viga-cumeeira. Mostrar todas as mensagens

Da cumeeira da tia Baldo se fez uma senhora saboneteira

Já desde a altura da demolição que olho para o que restou de madeiras da casa da tia Baldo a tentar perceber como dar-lhes uma nova vida. Sobrou algo dos armários, e sobretudo muita madeira das coberturas. Esta madeira tinha ficado encostada ao contentor durante bastante tempo, e para alindar um pouco mais o exterior da casa (e como os homens do lixo, obviamente, não tocaram na madeira), serrei e arrecadei todas os caibros, cúmeos e tábuas que sobraram.

O recheio da casa nova, comprado quase inteiramente no IKEA, foi sempre visto por mim como algo de transitório. Ponho aqui este mobiliário barato e bonito, e ao longo dos anos vou trocando móveis e acessórios por outros com mais valor, sentimental ou estético.

De muito olhar para as madeiras sobrantes lembrei-me de cortar pedaços dos cúmeos e, aproveitando a madeira boa do seu interior, fazer peças que pudessem tornar a Casa mais atraente para os seus hóspedes.

E assim se fez esta saboneteira, primeira de muitas. A madeira ainda não está bem identificada (o vizinho disse que seria pinho, mas não me parece uma madeira muito utilizada nas cumeeiras). Depois de sacado um pedaço (com uma serra e uma enxó), o trabalho seguinte passou por lixar e escavar (com uma navalha normal e uma faca de fazer colheres, de lâmina curva). Mantive a forma original e as faces queimadas pelo fumo. Fez-se o furo para escoar a água, alteou-se a base (para que a água não empape) com batentes pequenos e, por fim, dei-lhe duas camadas de óleo mineral, (mais uma vez) comprado no IKEA. Et voilá:


(mais fotos no flickr)

Quadragésimo sexto dia - construção em madeira

dia-a-dia: isolamento telhado acima

Sinto que devo perder algum tempo a descrever a carpintaria, que é uma arte nobre, com o Bruno como um dos seus artistas principais. O Bruno, o Carlos e o Bruno júnior. A montagem dos caibros (as vigas inclinadas que sustentam o telhado) e dos cúmeos (as vigas da cumeeira do telhado) foi feita na semana passada, tomando as duas asnas metálicas como referência. Como a altura dos cúmeos e a inclinação dos caibros (os homens chamam-lhes caibrios) era orientada pelas asnas, a parte de baixo (a casa tem dois telhados) foi canja. Já a parte de cima, com apenas uma asna metálica, foi mais complicada. Para construir a asna de madeira a meio do vão foi necessário fazer um molde junto à asna metálica. Depois de colocada a asna de madeira, foi fácil distribuir os cúmeos e os caibros pela cobertura. A viga horizontal da asna só foi colocada esta semana, ficando a colocação dos varões dependente de eu os comprar amanhã, em Carviçais.

Hoje, pela primeira vez, fui pedir a um dos velhos para me ajudar com as podas. Neste caso ao tio Amílcar, para as parreiras (vides). Primeiro para as duas dentro da curralada da tia Baldo. A ideia, já antiga, é de fazer uma ramada (aqui chamam-lhe latada), ideia que muito agradou ao Amílcar. E retoma-se o uso original que o tio Baldinho imaginara para os menires, o de sustento dos arames que seguram a ramada. O tio Amílcar sugeriu que se encaminhasse uma das parreiras para pingar sobre a porta. Bestial. A seguir demos um jeito nas parreiras no quintal dos meus avós.