Este terno conto foi escrito pelo meu pai, António Júlio Lopes, que não soube melhor maneira de me mostrar o seu carinho do que escrever uma ficção sobre a sua terra, Martim Tirado, e sobre o nosso projeto comum, a Quinta dos Baldo. Muito lhe devo. Obrigado, pai.
"De madrugada,
antes do amanhecer, saí de Torre de Moncorvo e deixei o meu cavalo
seguir o caminho assinalado pelas estrelas. Atrás de mim ia o meu
ajudante, o soldado Botelho, com um jumento valente, mas um pouco
enfermo por causa do reumatismo que lhe atacava uma pata,
especialmente durante aquele tempo da lua cheia.
A nossa missão
era combater os salteadores que pela noite roubavam e maltratavam as
pessoas no território compreendido entre Torre de Moncorvo e Freixo
de Espada à Cinta.
Constava que
poucos dias antes em Vale de Ferreiros uns salteadores tinham roubado
um fidalgo de Martim Tirado. Roubaram-lhe um cavalo e o dinheiro que
levava e deixaram-no maltratado. O seu nome não se pode dizer
agora. Será conhecido mais adiante quando tratarmos da sua história
invulgar. Tudo deve ser dito a seu tempo.