Vigésimo segundo dia - 605 forte

dia-a-dia: uma pedra por dia

Passei a manhã e o início da tarde perdido nas burocracias da obra, entre Moncorvo e Freixo.

Voltado às Quintas, e com a roupa da cidade, insisti em arrumações. A madeira empilhada junto ao contentor (vinda da escombreira da casa da tia Baldo) tem de levar destino, e comecei a carregá-las para um telheiro construído pelo meu avô. (Re)descobri, no monte de tábuas indistintas, umas tábuas pintadas e decoradas, e separei-as. Parece renda em forma de madeira.

A seguir desci com a Fernanda e o Zé Manel à horta. Trouxemos batata e cebola. Vê-se logo que a horta é tua. Então porquê? Porque és o único a plantar girassóis no meio da horta, gracejava a Fernanda para o Zé Manel. A alegria com que ela encontrou as batatas vai-me ficar para sempre. Ai que ricas batatas! Para além de batatas, girassol e cebola, têm também grão-de-bico, tomate, morangos, couve e mais de quantas coisas.

recorde do guinness

Voltávamos para cima com o trator cheio de batatas quando me falaram duma amendoeira seca. Pobre coitada, seca no meio de amendoeiras tão verdejantes. Já prometi a mim próprio cortá-la quando chegar a altura das podas. Planto lá uma cerejeira. Fernanda e Zé Manel dizem que sim.

o amor e um trator

Mais à frente, outra visão insólita: dois velhos de volta de uma dourada, sobre um muro molhado. O molhado era de herbicida, que em vão tentavam entranhar na dourada. A dourada, essa, era para aliciar uma raposa, que lhes andava a rapinocar (!) as frangas. Ainda discutiram por uns momentos da pena de não terem 605 forte, que isso é que era.

o cenário do crime

E eu a pensar na pobre da raposa. O Zé Manel, à noite, confidenciou-me que isso da natureza estava muito bem, mas era dos coelhos e perdizes. Agora lobos e raposa é que não, para que é que os andam a largar? Outra vez a ideia dos fiscais dos parques que andam a largar lobos e o que for. Disse-lhe que isso nunca tinha acontecido e percebi que lho havia dito o mesmo antes. Talvez mais do que uma vez.

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