Septuagésimo sétimo dia - Couços

A tarde apertava. Fiz a borda de dentro do caminho, de seguida a borda de fora. Tinha acabado de desistir, de deixar tudo para o dia seguinte, chegando mais pedras para escolher, quando sinto um trator a passar. Para baixo só o Zé Manel, a cuidar da sua horta. Era mesmo. Levava o pai de pendura no arado. Ainda corri a chamá-lo mas não me ouviu. Encontrei-o no fundo do vale, numa horta que não a dele. Enquanto o pai tirava as pedras para um canto o Zé Manel vai arando com o trator. O sítio, se bem que inóspito no verão, tem água a correr. Na fonte à minha frente (Couços) estão duas rãs no bem-bom.

na horta
(foto)

Estamos agora na horta do Zé Manel (Olmo). Ele atarefa-se a fazer molhos com os espigos das nabiças, cortados com uma foicinha; eu fotografo bichos em flores e como morangos. Não sei se é do bucólico do lugar mas nunca me souberam tão bem.

na horta
(foto)

Vi o Zé Manel e o pai a plantar rebentos de cebola e logo me voluntariei para ajudar. O Zé Manel, qual super-homem da horticultura, planta e tapa à velocidade da luz. Quem começou nisto aos oito anos nem pensa no que está a fazer. Aliás, se parar para pensar fica-se confundido e já não sabe o que se está a fazer.

Algumas voltas ao motor e lá brota a água. Logo o Zé Manel, munido da sua enxada, abria sulco atrás de sulco, que se iam inundado. Ainda a água não tinha atingido o fim do sulco já ele o tapava e abria logo novo sulco. Sempre à velocidade da luz. Uma máquina. Se eu tivesse tempo. O meu pai, se fosse preciso, ficava aí a manhã toda a plantar as cebolas.

na horta
(foto)

Durante o dia voltámos ao lajeado. Os eletricistas e o empreiteiro e o Hugo estavam lá desde a manhã, mas os do pladur não. Telefonei ao patrão deles. Mais uma altercaçãozinha ao telefone e passado umas horas lá estavam eles. Era suposto, já que tinham de trabalhar em conjunto com os eletricistas. Haja paz na aldeia.

lajeado - 2 de 3
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